domingo, 31 de maio de 2009

Você tem um chefe tirano?




Problemas com o chefe autoritário?

Descobri recentemente que tenho problemas para reconhecer os defeitos das pessoas mais próximas, de forma rápida e eficiente. Outro problema: acreditar demais que certas pessoas são dotadas daquela espécie de nobreza que desdenha da “força da grana que destrói coisas belas".
Isso me custou várias noites mal ou não dormidas, tentando descobrir a diferença entre autoridade e respeito, política e politicagem, canalhice e covardia. Imaginem todos estes substantivos convivendo juntos num microcosmo chamado ambiente de trabalho.
Com base no inferno astral que vivi, arrisco dar algumas dicas para lidar com um chefe autoritário (chefes e “chefas"):
1. Avalie as qualidades do seu chefe, tanto as pessoais e profissionais.
· . Ele reconhece que você tem mais expertise em certos assuntos?
· . Sabe gerir pessoas melhor do que números, cifras e ego?
· . É compreensivo por puro interesse humano?
· . Faz questão de creditar os méritos à toda equipe?
· . É do tipo que enaltece suas qualidades, sem passar horas falando dele próprio?
· . Você aprendeu algo com ele nos últimos dois dias?
Se a sua resposta for negativa para pelo menos duas perguntas, acho que estamos diante de um chefe autoritário:
Autoritário. 2. Que se apóia na autoridade, na imposição, na prerrogativa e no poder de comandar (chefe autoritário)
O chefe autoritário é geralmente desrespeitado (ainda que ele não saiba disso). É naturalmente inseguro e precisa sempre se auto-afirmar, seja atribuindo para si os méritos alheios ou, pior, achando que suas qualidades (geralmente poucas) são as únicas que carregam a equipe nas costas. Gosta de chamar a atenção de alguém em público e, em casos de extremo desespero, apela: ou você entra na linha e baixa a cabeça ou será acusado de insubordinação.
2. Lembre-se: autoridade imposta não é autoridade, é despotismo. A genuína autoridade, daquelas que admiramos, se conquista e se confunde com o respeito. Eis a tênue diferença entre chefe autoritário e chefe respeitado.
3. Chefe autoritário é incapaz de perder o que quer que seja. Não perde uma discussão, quer sempre dar a palavra final, isso se ele souber o que é uma discussão saudável. Raramente admite que errou. Não perde uma única chance de te esculachar em público ou dizer: “a fulana de tal só é o que é hoje graças a mim” ou “ninguém é insubstituível".
Se você quiser manter seu emprego, concorde com seu chefe. Não o desafie, ainda que ele esteja cometendo um erro e colocando seu cliente ou toda a empresa em risco. Para se proteger (o famoso “save your ass"), envie um e-mail a ele, com cópia a alguém da equipe, expondo com delicadeza sua opinião dissidente, mas sempre lembre de incluir a velha frase: “Espero ter contribuído para a resolução do caso e para o trabalho da equipe. Acredito que o senhor, com base em sua experiência, tomará a melhor decisão, buscando sempre atender os interesses do cliente, da empresa, blá blá blá.”
4. Saiba ser político e aprenda a fazer política no ambiente de trabalho. É a única maneira de se vislumbrar a possibilidade de mudar de equipe, passando quase incólume pela politicagem de seu chefe autoritário.
Fazer política não é uma atitude condenável. Basta saber os limites de seu estômago para engolir sapos dando sorrisos, esconder sua cara de horror diante de situações embaraçosas criadas pelo seu chefe, conversar feito sabonete com seu chefe e os chefes das demais equipes… tudo isso sem desrespeitar a si próprio e sem ultrapassar os limites do que você considera ético, digno, crível e saudável.
É bom lembrar que ao fazer política, não se deve confiar nos chefes de outras equipes, ainda que venham com promessas do tipo “se você quiser mudar de equipe, sempre terá o meu apoio e um lugar aqui". Há muitos casos em que os pares se protegem a todo custo e em se tratado de chefes adeptos da politicagem, não costuma ser diferente.
5. Seja um bom chefe com aqueles da equipe que se reportam a você. Saiba ouvir com genuíno interesse, discorde justificadamente se preciso, jamais imponha algo com base unicamente em sua posição hierárquica. Compartilhe conhecimento sem medo de ser passado pra trás, saiba treinar e preparar seus sucessores, estude um caso complicado junto com seu estagiário. Vai por mim: vale a pena.
6. Se nada disso funcionar, se a mudança de equipe não rolar, se você perceber que não dá pra confiar nos pares de seu chefe, se não reconhecerem seu trabalho, mérito e competência e, por fim, se seu chefe autoritário estiver fazendo mal à sua saúde física e psicológica, tenha coragem e procure outro emprego. Ou crie uma cooperativa de “dogwalkers", invista naquele negócio dos sonhos (com parcimônia e prudência).
Se preciso, busque um zen-budismo sobre-humano e espere esta maldita crise passar para tomar uma decisão.
Eu sei, a gente passa uma raiva danada, fica indignado, acha que pode mudar o “establishment” e a filosofia torta de um chefe autoritário e da empresa que o protege. Compre um saco de bater e cole a foto dele, escreva (sempre a lápis) tudo o que está entalado em sua garganta e leia em voz alta depois (de preferência na sua casa, sem esquecer de picotar o papel depois). Saiba rir dele, tenha piedade. Talvez ajude.
E claro: se for inevitável sair da empresa, sempre mantenha o sangue frio para negociar tudo de maneira amistosa e educada (a política e o respeito de que falei lá em cima, lembra?). Afinal, você sabe ser elegante.

Um comentário:

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