terça-feira, 14 de outubro de 2008

Hoje eu aprendi


Aprendendo...


Quantos segredos não traz consigo?
Quantas magias aqui não encontram?

Seria imaginação, ou seria abnegação da realidade consciente de um mundo paralelo?

Árvores esplendorosas, com seu frescor movimentando-se ao compasso dos ventos que assobiam num ritmo perfeito.

Vento que em nossos rostos tocam, que arrepia a alma, esse vento puro que esbarra nas construções modernas. Nos faz refletir que o melhor que o universo nos oferece está bem diante dos nossos olhos... O presente suportável, tranqüilo e sem dor. Se isso nos é dado, então temos que apreciá-lo, e cuidarmos bem para não estragá-lo. Ansiando sem medida alegrias imaginárias ou preocupando-nos temerosos com um futuro sempre incerto que, a desperto de nossos inúteis esforços depende totalmente do Destino.

Além disso, haveria de ser insensato preocupar-se sempre sem usufruir ao máximo o presente único e seguro pelo qual não podemos fugir. Afinal o caminho do amanhã é muito distante e pode não chegar até ele.

O presente é seguro e absoluto, a vida inteira não passa de fragmentos maiores que o presente, e como tal, é categoricamente efêmera. A esse respeito poder-se-ia dizer que uma grande parte da sabedoria de vida, baseia-se na “justa” proporção com a qual dedicamos nossa atenção, parte no passado, em parte ao futuro, prejudicando assim o majestoso presente.
Porém, os aparvalhados, vivem o presente, preocupando-se com o futuro, e no futuro lembrar-se-ão de que o passado, não passou de um presente não vivido por escolhas próprias e sim por obrigações do dia a dia, e do querer, de outros. Hoje sendo o futuro imaginado no terreno de ontem, acontecendo mais uma vez no presente. Neste instante, coloco aqui como não serão nostálgicas lembranças para alguns pobres de alma que só fazem julgar-te, trazendo o passado a tona apenas para justificar sua inércia em saber viver o agora.

Imaginemos, eles mais velhos pensando...

“Hoje, é o futuro pelo qual no passado tanto me preocupava, ele foi conquistado por mim. Talvez mais precocemente, como poderei eu pobre ser, consertar o passado ou fazer algo diferente? O que será de meus descendentes?”.
“Deus... o que será de mim, esse homem que se encontra em seu cavo quarto, tento inventar histórias interessantes para aconselhar meus lindos netos, mas não tenho outra coisa em mente que não seja a empresa pela qual me dediquei anos, indo e vindo, sem nem ao menos sentar e tomar o café da manhã com minha família! Só me vem a cabeça as filosofias de minha amarga e ansiosa vida”.

Ele sai de seu quarto com algo que queria mostrar aos seus netos, mas ele voltou e pensou... “Já sei, trabalhei tanto, pegarei meu dinheiro e levarei pra comprar os mais lindos presentes, assim eles ficarão muito felizes, chamou os seus filhos, e deu-lhes dinheiro”.
Esses não tinham tempo para o pobre e velho pai... Tinham a empresa que agora era dirigida por seus filhos e nem atenção eles lhe davam. Quando sentou-se para tomar café, restava apenas ele em sua mesa, e surpreso perguntava onde iriam com tanta pressa, respondiam todos... “Pai, trabalhar, temos que pensar em nosso futuro, temos dinheiro investido, não temos tempo a perder!”. Seus olhos enchem d’água, que teria feito ele com seus próprios filhos que seguem pelo mesmo caminho? Tomado de remorso, lembra de quantas vezes tinha deixado seus filhos com sua falecida esposa para construir o que hoje não está sendo usufruído de forma saudável. Mas que moral tinha ele, para dizer que estava errado? Seus filhos já estavam viciados no “mais”. Então chegam seus netos sobre a mesa e com um olhar angelical trazem alegria para aquela casa. Ele anima-se e deseja colocar em prática seu plano. Na maior das boas intenções ele olha para as crianças e diz: “Meus netinhos, hoje tenho uma surpresa maravilhosa para vocês”. Felizes eles olham para o avô, arregalam os olhos e sentam no chão esperando o a tal surpresa, o avô meio desconcertado, pergunta: “O que vocês gostariam de ganhar nesse dia tão especial?”. Eles olham um para o outro e dizem: Manifesta um sua palavra. “Bom, gostaria que minha mãe ficasse comigo um dia inteirinho brincando comigo!”. Os outros no mesmo embalo falam a mesma coisa. Para sua surpresa ele diz: “Mas..., poderia ser eu?”. “Claro vovô, nós te amamos e gostaríamos de te mostrar então algo mágico que papai do céu nos deu”. Ele franze a testa com um olhar meio desconfiado e curioso pensando o que seria de tão mágico assim, que meu dinheiro não pode comprar? Mas vamos lá! Correndo eles puxam o avô, e saem pela enorme casa, e em um dia lindo e belo vê as crianças correndo em direção a uma plantinha. “Olha vovô, a gente toca nela e nos sentimos como mágicos, elas se fecham para dormir, fazemos isso porque as plantinhas devem se sentir muito sozinhas na hora de dormir e todos os dias a gente vem aqui para botá-las para dormir”. Estupefato e muito emocionado, sente uma dor no peito pela pureza daquelas palavras que nem sem ao menos saber, seus netos faziam pelas plantinhas o que não faziam por eles. Ele sentou-se com as crianças e começou a brincar, disse a elas que nunca tinha reparado naquela plantinha em seu jardim..., ele brincava com seus netos e pensava no brinquedo caro que ele queria dar para seus netinhos, presente que iria comprar na cidade, cidade essa que absorveu setenta por cento de sua vida. Ele pensa mais uma vez, “Seria eu que teria que ensinar a essas crianças? Como eu sou pobre de espírito! Acabei de receber a maior lição de toda a minha vida, que não aprendi nas salas de reunião nem com os maiores líderes do meu governo, nem com meu trabalho árduo. Aprendi no sorriso e na alegria nos olhinhos puros dos meus netos. Nunca me diverti tanto em toda a minha vida. Gargalhadas tomavam conta do meu corpo cansado”.

Hoje sim, não estou preocupado com nada, apenas com a plenitude da simples dormideira e com a pureza das crianças que me fizeram enxergar quanto tempo tinha perdido em minha vida. Que a cada segundo tudo é muito mágico, e que temos que dar oportunidade ao destino, para prestarmos mais atenção em quem amamos, ainda que a nossa intenção seja a melhor, não temos o direito de estragar a vida e tirar os sonhos dos olhos de uma criança. Ainda que essa criança seja grande. Aprendi que plantas mágicas existem e elas falaram comigo, e mudaram minha vida quando me fizeram escutar, e não importa em que ponto eu parei, nem a minha idade nem onde quero chegar, mas onde estou e encontro-me aqui, agora..., nesse lindo e misterioso presente. Esse milagre que se chama vida, nos convida a viver o hoje. Viva e não espere amanhã ou a aprovação de alguém para ser feliz.

Apenas seja!

Autora: Danielle Georg